Procura-se uma escola em Lisboa
Escrevi um artigo para o blog “Mães em Rede” sobre o meu processo de busca de escola para a minha filha em Lisboa. Este tema é muito significativo para mim como educadora e agora como mãe. Elegi partilhar aqui trechos desse texto porque tenho sido procurada por famílias brasileiras para apoiar nesse processo de escolha de escola num novo país.
“Estive muitos anos do outro lado, recebendo pais na escola, no processo de escolha. Sempre amei recebê-los, ouvi-los, acolhê-los. Fui aprendendo a alinhar expectativas, identificar e sugerir outras escolas, transparência sempre foi e continua sendo um dos meus valores. Amava apresentar o lugar de encantamento, o espaço que eu amava trabalhar e fazer o melhor pelas famílias que nos escolhiam.
Sempre orientava, visite muitas escolas, observe e sinta. Muitas vezes a escolha não está no campo racional, apesar de passar por ele. Assim como quando estamos à procura de uma casa para viver, já sentiu isso? Uma sensação e um desejo: É aqui que quero morar! Já vivi isso algumas vezes, até porque já mudei muito!
Penso que escolher uma escola é como escolher onde viver por um tempo, nada é eterno, mas que seja eterno enquanto dure, já dizia Vinicius de Morais.
Optei por matricular Maria apenas com 3 anos, uma vez que a vida me permitiu isso e penso ser o melhor para nós. Não acho que existe regra e nem uma fórmula sobre quando é o melhor momento de iniciar a vida escolar, existe o que é melhor para cada família.
O que descobri até agora: Vaga é um problema sério nas escolas, visitar não é um procedimento simples como no Brasil, tem escolas que só te deixam visitar se houver vaga e se for o ano de ingresso do seu filho, o que me causa muita estranheza e um sentimento ruim.
Uma das escolas que mais queremos é bem fechada, para conseguirmos contato tivemos que ir tocar a campainha. Eu havia feito a ficha de pré inscrição on line, como pede a maioria das escolas aqui, mandamos email e telefonamos para agendar visita e não tivemos resposta, por incrível que pareça, ao vivo nos disseram que o contato é somente via e-mail, para aguardarmos retorno porque têm muita procura e demoram muito para retornar mesmo. Eu com minha experiência de sócia de escola, já tive vontade de dizer até logo e nunca mais voltar, mas nessas horas é importante reconhecer a cultura local, observar como é o funcionamento e respeitar, mesmo que nos cause incômodo e estranheza, é preciso relevar e ir sentindo aos poucos.”
Esta escola é hoje a atual escola da Maria. Foi muito difícil conseguir vaga, acredito que só foi possível por conta da pandemia. Algumas famílias tiveram que sair, com isso abrindo novas vagas. Hoje estamos com a escola online, Maria ainda nem está totalmente adaptada e eu como mãe estou muitíssimo satisfeita.
“Um dia de cada vez, penso que escolhemos e somos escolhidos. Para setembro deste ano, já comecei um movimento de conexão com outros pais de crianças pequeninas e se tudo correr bem, inicio um projeto de “escola itinerante na natureza”.
Nessa busca por uma escola para a Maria comecei o Projeto Pitanga, que hoje se tornou o coletivo Pitanga. A escola itinerante não aconteceu, mas a conexão com outras famílias na natureza foi um dos movimentos mais importantes que fiz em Portugal. Hoje somos oitenta famílias conectadas. Essa foi a primeira grande semente da Casa Pitanga em Lisboa.
Criei um grupo no Whatsapp que chama comunidade de pais. Somos vinte famílias trocando experiências sobre escolas em Portugal. É maravilhoso a riqueza desse espaço e o quanto a gente vem descobrindo nestas trocas, há muitos projetos educativos interessantes em Portugal. Provavelmente em breve teremos um material escrito de toda essa pesquisa para poder ser partilhado.
Como citei acima, neste processo, escolhemos e somos escolhidos. Acredito que o mais importante é não idealizar a escola. Não existe uma escola perfeita, sempre haverá as dores e as delícias como diz Caetano Veloso, o que sustenta a escolha é perceber que os valores são compatíveis e que o coração fica tranquilo quando confiamos parte da educação dos nossos filhos a um lugar que nos sentimos acolhidos.
Até breve!
Paula Cury
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